Cheguei na escola pra pegar meu filho, enquanto o procurava com o olhar ele veio ao meu encontro e antes mesmo que eu pudesse abraçar falou:
– Pai, eu tenho uma coisa pra te contar.
Não parecia uma boa notícia, sempre vem empolgado e sorridente pra contar uma novidade.
– Pai, aconteceu uma coisa.
O tom de lamento me pareceu um pedido de desculpas, era como se algo que a gente tinha combinado não tivesse sido cumprido. Cheguei perto, me abaixei pra ele se sentir mais confiante pra falar.
Olhando pra mim, ele levantou a bermuda acima dos joelhos e… Ai! Os dois joelhos estavam ralados.
– Eu caí pai, escorreguei e caí…
De fato a gente tinha combinado dele brincar pelo pátio da escola com cuidado pra evitar de se machucar mas, ele tem apenas seis anos e toda energia da idade, tudo que ele quer é pular, correr, se divertir. Não vou cometer a injustiça de conter isso. Aconteceu, deu aperto no coração mas não foi nada grave. Deu vontade de rir, ufah era só isso! Me contive, acolhi sem valorizar demais a situação.
– Pôxa filho, como foi isso? Tava correndo com os amigos néh? Faz parte, agora tem que ser corajoso.
– Tá doendo?
– Não, tá só ardendo pai.
(kkkkk…vontade de rir de novo)
– Ok, o pai sabe que dói um pouco. Tá ardendo mas vai passar, chegando em casa a gente limpa e passa remédio.
Em situações assim nunca menti, nada de mi, mi, mi… se vai doer digo que vai doer, mas explico que vai passar e que vou estar perto pra ajudar a passar logo.
Os joelhos ralados passariam ainda por mais dois testes de coragem: o banho e o Merthiolate). Nada que grandes doses de carinho não ajude a distrair. Como diz a sabedoria popular:
“O que arde cura, o que aperta segura”
A gente rala muito ao longo da vida, por hora, que sejam apenas os joelhos.
be happy 🙂 😉